terça-feira, 23 de maio de 2017

Fátima diz que “mercado” não pode substituir soberania popular


A senadora Fátima Bezerra ocupou mais uma vez a tribuna do Senado nesta segunda-feira para sugerir a renúncia do presidente Temer e a sua substituição por meio de Diretas Já, por estar segura de que essa é a vontade da população. 

“Temos que barrar as eleições indiretas, pelo Congresso Nacional, porque não vamos permitir que uma junta financeira, que o mercado substitua a soberania popular”, disse, referindo à tese daqueles que defendem a eleição indireta, prevista na Constituição, como forma de assegurar as reformas e a estabilidade econômica do país. 

Fátima destacou que o país enfrenta uma grave crise político-institucional, que se agravou a partir de quarta-feira, com a chamada delação-bomba dos donos e diretores da JBS, quando foi flagrado não só o presidente da República como o principal adversário da presidenta Dilma nas eleições de 2014, senador afastado Aécio Neves, em gravações que indicam a existência de uma verdadeira organização criminosa na cúpula do governo e sua base de apoio. 

Instabilidade - “As gravações trazem provas tão contundentes contra eles que o STF autorizou imediatamente a abertura de investigação pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça”, afirmou a senadora. Segundo ela, o clima é de total instabilidade. Tanto que, como lembrou, até os principais grupos de comunicação do país, que há um ano pediam o impeachment da presidenta Dilma, agora exigem a renúncia de Temer. E, para ela, o único caminho para assegurar a volta da população à tranquilidade é a realização de eleições diretas. 

“Quem tem medo de diretas? Por que esses conchavos em curso? A população não vai ficar quieta diante de mais esse ataque à soberania popular. É o chamado golpe no golpe”, criticou a senadora. Ela disse que, apesar de a Constituição prever a realização de eleições indiretas quando o cargo fica vago faltando dois anos ou menos para o fim do mandato, a Carta Magna também determina que o poder emana do povo e o momento político exige o respeito à soberania popular. Nesse sentido, defende a aprovação de uma das propostas à emenda à Constituição em tramitação no Congresso que preveem a eleição direta. 

Reformas - Fátima criticou ainda a decisão da base de apoio ao governo, que já havia anunciado a suspensão das reformas trabalhista e da Previdência, e que voltou atrás retomando a agenda de votações da reforma trabalhista. “É inadmissível que, diante de acontecimentos tão graves, continuemos levando adiante a tramitação de matérias que afetam tão profundamente os direitos sociais de trabalhadoras e trabalhadores no nosso país”, disse. 

Ao referir-se às manifestações que ocorreram em todo o país nos últimos dias, pedindo a renúncia de Temer e a realização de Direitas Já, Fátima reiterou convite das Frentes Brasil Popular e Brasil Sem Medo que, na próxima quarta-feira, prometem uma grande mobilização social, com o movimento Ocupe Brasília. “Nossas energias e forças, a energia e força de todos os parlamentares que têm apreço pela democracia estarão nas ruas com o povo brasileiro. Porque somente a mobilização popular pode interditar essa agenda com mudanças já por quatro vezes interditadas nas urnas”, enfatizou. 

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